O
presidente Jair
Bolsonaro (PSL)
bateu o martelo e concordou com a proposta de reforma
da Previdência feita
por sua equipe econômica que dificulta o acesso – diminui o número
de trabalhadores e trabalhadoras que vão conseguir se aposentar –
e reduz o valor dos benefícios.
O
texto da proposta é pior do que o apresentado pelo ilegítimo Michel
Temer(MDB)
e será enviado ao Congresso
Nacional na
próxima quarta-feira (20). No mesmo dia, a CUT e demais centrais
realizarão uma Assembleia
Nacional da Classe Trabalhadora contra
a reforma da Previdência, a partir das 10h, na Praça da Sé, em São
Paulo.
A
proposta de Bolsonaro prevê a obrigatoriedade de idades mínimas
para aposentadoria de 65 anos para os homens e 62 para as mulheres.
As idades são as mesmas propostas por Temer, mas o período de
transição da nova proposta é de 12 anos, portanto menor do que o
de Temer, de 20 anos. Isso prejudica mais os trabalhadores e as
trabalhadoras porque as novas regras para se aposentar ficarão mais
rígidas em período mais curto. Os mais prejudicados serão os que
ganham menos, têm uma expectativa de vida mais baixa, entram no
mercado mais cedo e em profissões que exigem mais esforço físico.
“É
um ataque brutal contra a classe trabalhadora”, diz o presidente da
CUT, Vagner
Freitas.
“Uma
transição de 20 anos já é dura, estipular apenas 12 anos é impor
uma mudança com grandes impactos em um período muito curto. Isso
vai prejudicar a população que tem baixa expectativa de vida, o que
desmente completamente o engodo do governo de que a reforma vai
igualar pobres e ricos”.
Segundo
Vagner, não estamos vivendo um processo civilizatório com
perspectivas de que a vida vai melhorar nos próximos dez anos. “Com
a má qualidade do emprego e queda na renda, sobretudo após a
reforma Trabalhista, com a precarização da saúde, o aumento do
desmatamento e do respeito às minorias, como dizer que a qualidade
de vida vai melhorar?”, questiona.
Privilegiados?
Segundo
ele, em 2017 foram pagos pelo INSS 34 milhões de benefícios de, em
média, R$ 1.326,99. Deste total, 30,3% foram por tempo de
contribuição (30 anos para as mulheres e 35 anos para os homens, de
acordo com a regra atual), com benefícios médios de R$ 2.164,74.
“Esses
são os privilegiados, de acordo com o governo”, critica Vagner,
que completa: “para esse governo de extrema direita política
social é gasto, para nós, é investimento. Essa é uma das
diferenças entre o nosso jeito de pensar e governar e o deles”.
A
economista do Dieese, Patrícia Pelatieri, diz que o Regime Geral da
Previdência Social (RGPS) deveria ser excluído da reforma. “Não
tem privilégio no regime geral”, afirma.
De acordo
com a economista, privilégio têm os militares que ganham mais na
reserva. Reserva é o termo jurídico usado para definir os militares
inativos que recebem aposentadoria, mas ainda podem ser chamados em
caso de guerra, por exemplo, mas como o Brasil não tem guerra, nunca
são, ficam de pijama ou abrindo empresas de segurança.
“Nós
perdemos no mínimo 30% da renda quando nos aposentamos. Já eles,
recebem benéfico integral, auxílios e, quando são reformados,
considerada a aposentadoria de fato, recebem o abono inatividade,
quase um salário por ano, como é o caso do FGTS, que eles dizem que
militar não tem”.
Regras
atuais
Atualmente,
há duas formas de trabalhadores e trabalhadoras da iniciativa
privada se aposentarem. Uma delas é por idade e exige 65 anos
(homem) e 60 anos (mulher), além de 15 anos de contribuições ao
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
O valor médio dos benefícios é de R$ 1.051,93.
O segundo
modelo é a aposentadoria por tempo de contribuição, que alcança a
população de renda mais alta - e que consegue se manter em um
emprego formal e que exige menos esforço físico por mais tempo. O
valor médio dos benefícios é de R$ 2.264,74.
“É
importante esclarecer que a aposentadoria por idade corresponde a
53,2% do total das aposentadorias pagas pelo INSS”, diz a técnica
da subseção do Dieese da CUT, Adriana Marcolino.
“Isso
deveria ser a exceção, não a regra. Mas, como a regra é não ter
estabilidade profissional, a aposentadoria por tempo de serviço
acaba sendo mais difícil para maioria dos trabalhadores”, explica.
“E
o que Bolsonaro quer fazer é jogar todo mundo nas piores condições,
dificultando o acesso aos benefícios. É tornar obrigatório esse
modelo precário de acesso a aposentadoria”, afirma a técnica do
Dieese.
DA CUT
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